A indústria extractiva em Moçambique enfrenta o desafio de reduzir a dependência das multinacionais e integrar de forma efectiva empresas e quadros nacionais nos grandes projectos de petróleo, gás e mineração. O alerta foi feito por Momade Mucanheia, Director-geral da Mozambique Energy Intelligence e inspector da Academia do Conteúdo Local, em entrevista ao Local Procure Podcast, cujo episódio está disponível no YouTube.
Segundo Mucanheia, o conceito de conteúdo local deve ser entendido como a “localização das oportunidades e competências”, permitindo que empresas nacionais tenham participação real na cadeia de valor. “O sucesso da indústria extractiva não pode ser visto apenas na óptica dos investidores estrangeiros. Ele deve traduzir-se em empregos, capacitação e geração de riqueza para os moçambicanos”, sublinhou.
Moçambique possui actualmente 14 projectos de mineração em curso, além de 12 concessões de petróleo e gás, entre elas o Coral Sul, já em produção desde 2022, e o Mozambique LNG, paralisado desde 2021. Para Mucanheia, a predominância de multinacionais torna urgente a implementação de normas claras que fortaleçam a presença nacional.
O especialista destacou ainda a aprovação recente do Diploma Ministerial 55/2024, que procura harmonizar a legislação e criar condições para maior participação do conteúdo local. “Não basta responsabilidade social. Precisamos de políticas que transformem empresas nacionais em actores centrais da indústria extractiva”, defendeu. Apesar dos desafios, o sector continua a atrair investimentos, com previsões que ultrapassam 94 mil milhões de dólares até 2035. Para Mucanheia, a chave será equilibrar os interesses globais com os nacionais: “O futuro da indústria extractiva em Moçambique só fará sentido se for também o futuro dos moçambicanos.”