Moçambique precisa transformar os seus vastos recursos de gás natural em “gás da esperança”, capaz de gerar empregos, impulsionar negócios locais e reduzir a pobreza energética. O apelo foi feito por NJ Ayuk, Presidente Executivo da African Energy Chamber, em entrevista recente ao Local Procure Podcast, cujo episódio já está disponível no YouTube.
Segundo Ayuk, mais de 50% dos moçambicanos continuam sem acesso à electricidade, um número que o especialista considera “inaceitável”, tendo defendido uma estratégia integrada que combine gás, petróleo, carvão e energias renováveis. “O gás natural pode ser a base da industrialização, alimentando fábricas de fertilizantes, criando empregos e garantindo segurança alimentar”, afirmou.
O executivo alertou ainda para a necessidade de acelerar a aprovação de projectos estratégicos, como o Coral Norte e o Mozambique LNG, actualmente paralisado. Para Ayuk, atrasos burocráticos e políticas fiscais pouco atractivas podem afastar investidores num sector altamente competitivo.
Ao mesmo tempo, defendeu maior envolvimento de empresas nacionais na cadeia de valor. “As companhias moçambicanas têm de estar preparadas, legalizadas e competitivas para fornecer serviços ao sector. Não se pode esperar que as multinacionais façam tudo”, sublinhou.
Comparando experiências de países como Angola e Nigéria, Ayuk destacou que Moçambique deve criar um modelo próprio de conteúdo local, com foco na capacitação, parcerias estratégicas e participação efectiva das comunidades afectadas.
“O futuro energético de Moçambique não pode ser apenas das multinacionais. Ele deve ser, sobretudo, dos moçambicanos”, concluiu.